quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

pois, eu queria um título para isto mas não me ocorre nenhum...

Era a procissão do silêncio. Ela, nova naquelas paragens, acedeu em acompanhar a velhota rechonchuda que a adoptara desde que ali chegara. Continuava um calor abrasador, apesar do sol já há muito ter declinado no horizonte. A luz dos candeeiros da rua fora desligada e as velas nas mãos dos fiéis eram a única iluminação existente. As velas e a lua, alta e imponente no céu nocturno do Alentejo. O padre, e que padre era aquele Meu Deus, guiava o rebanho pelas ruas da vila, num silêncio apenas quebrado pelos passos dos devotos e dos curiosos. Foi então que a “sua” velhota lhe apertou um pouco mais o braço e quase em simultâneo largou um peido cuja amplitude sonora se teria ouvido, certamente, na aldeia vizinha. Não conseguiu evitar o riso, mesmo perante o olhar reprovador de alguns. Outros sorriram também. Mas aquele foi só o início duma sucessão interminável de estrondosos e mal cheirosos peidos. Ela ria-se. A velhota sorria timidamente enquanto lhe murmurava ao ouvido “já nem no meu rabo mando.”.